sábado, 19 de novembro de 2011

Sweet Almah (NR : 1/3)






** SONHO DE GUERRA **


É sufocante o desejo que cresçam asas para ver o mundo num olhar que me parece distante a sua concretização.
É sufocante o desejo de conhecer o desconhecido provocante com ataques constantes de impossibilidade.
É sufocante sonhar acordado sem alcançá-lo na realidade mais ténue e fronteiriça.
É sufocante, apesar de distante, o crescimento das asas que são cortadas todos os dias.

É um sonho apenas! Exclamação deveras irritante, o sonho não é apenas, é, e existindo torna-se uma guerra de conquista que recuso não travar.

Um dia as asas vão crescer e vou conhecer o que não conheço, passar por onde nunca passei, gritar onde os ecos nunca foram ouvidos no seu conteúdo mais real por muito que desgastado esteja.

O mundo vive dos sonhos de quem não os viu. Um dia viverá de todos os que os vivem. As asas crescerão para todos e de homens passaremos a pássaros que conhecerão o que nunca foi conhecido.
O sonho é uma guerra travada por quem não o vive, sonha apenas! Que frase irritante, não é apenas, é!

(texto: Pedro Rebelo)













** NA CABEÇA DE UMA “ALMA TERNA” **
(the_mix_makes_the_dif)

Há dimensões que não se medem, tocam e muito menos se vêem.

A Mulher paira sobre estas dimensões não medíveis numa relação amor/ódio com ela própria, o mundo e até o que está para além do perceptível – a parte escondida de todos nós, sensações que se reflectem mas não se vêem, nem mesmo Ela lida com elas. É o produtor da imaginação - o inconsciente.

A Mulher tem em si um complexo turbilhão interior que a abrilhanta na passagem pela vida, aquela viagem que podemos imaginar como leve mas ao mesmo tempo agitada, a viagem que a faz planar no maravilhoso através da entrega ao caos do sentimento que por vezes a empurra ao ponto de lhe provocar a queda, fazendo lembrar um miúdo que esfola o joelho e faz a ferida em que escorre o sangue da desilusão.

A Mulher brota palavras de infinita riqueza simbólica, em que só chega à verdade quem tem a faca que rasga a cortina da incompreensão para a despir e sentir abraçando, com um sorriso nos lábios, o verdadeiro e óbvio sentido dos dizeres.

É este o poder de uma Mulher, expandir o turbilhão a quem ouve, toca, está e vê. É a quimera que a move no mundo em que os homens vivem no óbvio e as mulheres o embelezam com descargas simbólicas que desmentem a sua simplicidade.

É talvez o poder mais enternecedor, o de dizer, esperar e pôr a pensar.

(texto: Pedro Rebelo)




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