Há dimensões que não se medem, tocam e muito menos se vêem.
A Mulher paira sobre estas dimensões não medíveis numa relação amor/ódio com ela própria, o mundo e até o que está para além do perceptível – a parte escondida de todos nós, sensações que se reflectem mas não se vêem, nem mesmo Ela lida com elas. É o produtor da imaginação - o inconsciente.
A Mulher tem em si um complexo turbilhão interior que a abrilhanta na passagem pela vida, aquela viagem que podemos imaginar como leve mas ao mesmo tempo agitada, a viagem que a faz planar no maravilhoso através da entrega ao caos do sentimento que por vezes a empurra ao ponto de lhe provocar a queda, fazendo lembrar um miúdo que esfola o joelho e faz a ferida em que escorre o sangue da desilusão.
A Mulher brota palavras de infinita riqueza simbólica, em que só chega à verdade quem tem a faca que rasga a cortina da incompreensão para a despir e sentir abraçando, com um sorriso nos lábios, o verdadeiro e óbvio sentido dos dizeres.
É este o poder de uma Mulher, expandir o turbilhão a quem ouve, toca, está e vê. É a quimera que a move no mundo em que os homens vivem no óbvio e as mulheres o embelezam com descargas simbólicas que desmentem a sua simplicidade.
É talvez o poder mais enternecedor, o de dizer, esperar e pôr a pensar.
(texto: Pedro Rebelo)
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